"" ➡ Redação do Enem 【Anis Zahirah】

➡ Argumentação e persuasão no Enem

Este é o último artigo dessa série sobre argumentação na redação dissertativa no Enem. Espero que vocês tenham aproveitado e usado todos os exemplos dados aqui para treinar e melhorar na escrita. Caso queira saber muito mais sobre a estrutura do texto dissertativo e como perder o medo de escrever uma redação, clique aqui e veja como é fácil tirar uma nota acima de 900 na redação do Enem.

Argumentação e persuasão

"A resposta de Miguel de Unamuno aos fascistas espanhóis que pregavam a argumentação dos punhos e dos revólveres", foi: "Vocês venceram, mas não convenceram; pois, para convencer é preciso persuadir".

(Severino Antônio / Emília Amaral - Escrever é Desvendar O Mundo, Campinas, Papirus, 1987)

Na prática, nem sempre se percebe com clareza a diferença entre convencer e persuadir, mas se trata de um ponto importante, que precisamos considerar, a fim de aprimorarmos a qualidade argumentativa de nossos textos dissertativos.




De acordo com Chaim Perelman:

Em sentido estrito, o ato de convencer é obtido por meio de provas que têm como horizonte a "verdade" e hipoteticamente dirige-se a um "auditório universal" (formado por todo ser racional). O ato de persuadir implica, por sua vez, a ação de mobilizar o interlocutor, pertencente a um "auditório particular" (formado exclusivamente por ele), sensibilizando-Ihe o corpo, a imaginação, o sentimento, a emoção, a ideologia, enfim, tudo quanto não é, mas aparenta ser, razão.

(Chaim Perelman, Lucie Olbrechts-Tyteca - Tratado da Argumentação - São Paulo, Martins Fontes, 1996)

Em outras palavras, podemos afirmar que enquanto convencer é um exercício lógico, que implica sobretudo um intercâmbio intelectual, persuadir é um exercício retórico, que implica mobilização de emoções e de valores ideológicos, de forma escamoteada, isto é, revestida de uma aparência de lógica.

Sendo assim, quando nos preocupamos mais com o caráter racional da recepção de nosso texto, como por exemplo na realização de um trabalho científico, convencer é mais importante do que persuadir.

Inversamente, quando estamos mais preocupados com o resultado do processo argumentativo, como por exemplo na realização de uma peça publicitária, persuadir é mais importante do que convencer, pois a convicção não passa da primeira fase que leva à ação.

Nessa direção, alguns teóricos diferenciam o texto dissertativo do texto argumentativo. De acordo com eles, no primeiro a preocupação é expor, explanar, explicar, interpretar ideias, apenas querendo demonstrar uma tese, convencendo o interlocutor de sua validade racional. Já o segundo pretende, além disso, justamente persuadir, formar opinião, influenciar.

Podemos relacionar tal classificação com a preocupação de esclarecer convencendo, que estaria ligada ao dissertar; e a de impressionar agradando, por sua vez ligada ao argumentar.

Na verdade, como já vimos em outros momentos desta apostila, acreditamos que ambas as coisas devem coexistir no mesmo texto, embora nele possa predominar uma delas, em função de seu contexto de produção. Em síntese, um texto dissertativo no fundo também é argumentativo, tanto quanto uma tentativa de convencer no fundo também é uma tentativa de persuadir.

➡ A Revolução Cientifica - Redação do Enem

O método científico, como nós o conhecemos hoje, surge na Idade Moderna, no século XVII. O Renascimento Científico não constituiu uma simples evolução do pensamento científico, mas verdadeira ruptura que supõe nova concepção de saber.

É preciso examinar o contexto histórico onde ocorreram transformações tão radicais, a fim de perceber que elas não se desligam de outros acontecimentos igualmente marcantes: emergência da nova classe dos burgueses, desenvolvimento da economia capitalista, Revolução Comercial, Renascimento das artes, das letras e da filosofia. Tudo isso indica o surgimento de um novo homem, confiante na razão e no poder de transformar o mundo.



Os novos tempos são marcados pelo racionalismo, que se caracteriza pela valorização da razão enquanto instrumento de conhecimento que dispensa o critério da autoridade e o da revelação. Chamamos de secularização ou laicização do pensamento a preocupação em se desligar das justificativas feitas pela religião, que exigem adesão pela crença, para só aceitar as verdades resultantes da investigação da razão mediante demonstração. Daí a intensa preocupação com o método, ponto de partida para a reflexão de inúmeros pensadores do século XVII: Descartes, Spinoza, Francis Bacon, Galileu, entre outros.

Outra característica dos novos tempos é o saber ativo, em oposição ao saber contemplativo. Não só o saber visa a transformação da realidade, como também passa ele próprio a ser adquirido pela experiência, como veremos, devido à aliança entre a ciência e a técnica.

Uma explicação possível para justificar a mudança é que a classe comerciante, constituída pelos burgueses, se impôs pela valorização do trabalho, em oposição ao ócio da aristocracia. Além disso, os inventos e descobertas tornam-se necessários para o desenvolvimento do comércio e da indústria. Basta lembrar a importância da bússola, do aperfeiçoamento dos navios, da máquina a vapor etc.


➡ O argumento contra o homem na Redação do Enem

Assim como há fontes que servem como sustentação de uma determinada conclusão, fundamentando-a com sua autoridade, também se pode demonstrar a falsidade de uma conclusão exatamente porque determinada fonte a afirma. Para isso, é necessário que se trate uma fonte que tenha reconhecidamente acumulado erros e equívocos quanto ao tema em debate.

Por exemplo: podemos invocar posições nazifascistas para invalidar determinadas posições sobre liberdade, democracia, humanismo etc.


Como perder o medo de escrever uma redação

Para se usar o argumento contra o homem é necessário que a pessoa ou entidade invocada seja reconhecidamente equivocada no assunto em questão, quer dizer, deve se tratar de uma espécie de anti-autoridade; de uma autoridade no que não se deve fazer...

Esse argumento, assim como o argumento de autoridade, é formulado muitas vezes de modo não válido, a partir da transferência indevida de campos etc Precisamos, portanto, ser criteriosos em sua utilização.

Leitura de um exemplo de argumento contra o homem

O ex-presidente, Femando Collor, resgatou o modelo do político hipérbólico, exacerbando-o: tudo nelle e delle e por elle era grandioso e fantástico. O melhor uísque, as melhores gravatas, as mais caras festas e viagens, o dedo em riste na cara dos adversários, palavrões, gestos obscenos, grosserias públicas dirigidas à mulher etc. Venceu a barreira do som em avião supersônico, exibiu músculos em vários esportes, elaborou planos mirabolantes para tirar o país do buraco subdesenvolvido. O resto é História, todos já sabem: deu no que deu.
Se é verdade que a História ensina, cabe aos futuros políticos a lição de que o exercício da presidência de um país transcende a volúpia de egos inflados.

(prof. Cacá Moreira de Sousa - mímeo)

Comentários

Neste parágrafo, a trajetória de Fernando Collor na presidência do país é resgatada com forte expressividade estilística e capacidade crítica, para induzir o leitor a utilizá-lo como fato-exemplo daquilo que se coloca implicitamente como ponto de vista no primeiro parágrafo e se explicita, por meio de raciocínio condicional, no segundo: o exercício da presidência de um país transcende a volúpia de egos inflados.

➡ Argumentos da Filosofia para a Redação

Aqui neste artigo você verá alguns argumentos interessantes para usar na sua redação. Bagagem cultural é bastante importante na redação do Enem. Leia.

A partir deste breve esboço, podemos conferir à ciência grega as seguintes características:


•  encontra-se ligada à filosofia, cujo método orienta o tipo de abordagem dos problemas;
•  é qualitativa, porque a argumentação se baseia na análise das propriedades intrínsecas dos corpos;
•  não é experimental, e se acha desligada da técnica;
•  é contemplativa, porque busca o saber pelo saber, e não a aplicação prática do conhecimento;
•  baseia-se em uma concepção estática do mundo.

É possível compreender a concepção grega de ciência ao examinarmos a maneira pela qual os indivíduos se relacionavam para produzir sua existência. Na sociedade grega escravista o trabalho manual era desvalorizado (por ser ocupação de escravos), e portanto era depreciada qualquer atividade técnica. Em contrapartida, era valorizada a atividade intelectual, digna dos homens "superiores" que não precisam se ocupar com os afazeres do dia-a-dia.








A ciência medieval


A Idade Média, período compreendido do século V até o século XV, recebe a herança greco-latina e mantém a mesma concepção de ciência. Apesar das diferenças evidentes, é possível compreender essa continuidade, devido ao fato de o sistema de servidão também se caracterizar pelo desprezo à técnica e a qualquer atividade manual.


Fora algumas exceções — como as experimentações de Roger Bacon e a fecunda contribuição dos árabes —, a ciência herdada da tradição grega se vincula aos interesses religiosos e se subordina aos critérios da revelação, pois, na Idade Média, a razão humana devia se submeter ao testemunho da fé.

A partir do século XIV, a Escolástica — principal escola filosófica e teológica medieval — entra em decadência. Esse período foi muito prejudicial ao desenvolvimento da ciência porque novas ideias fermentavam nas cidades, mas os guardiães da velha ordem resistiam às mudanças de forma dogmática (presos às suas verdades como se fossem dogmas). Esterilizados pelo princípio da autoridade, aferravam-se às verdades dos "velhos livros", fossem eles a Bíblia, Aristóteles ou Ptolomeu.

Tais resistências não se restringiam apenas ao campo intelectual, mas resultavam muitas vezes em processos e perseguições. O Santo Ofício, ou Inquisição, ao controlar toda produção, fazia a censura prévia das ideias que podiam ser divulgadas ou não. Giordano Bruno foi queimado vivo no século XVI porque sua teoria do cosmos infinito era considerada panteísta, uma vez que a infinitude era atributo exclusivo de Deus.

➡ Argumento de Autoridade na redação do Enem

Neste artigo você vai ver um pouco mais sobre com o construir de forma correta o Argumento de Autoridade na redação dissertativa do Enem. Leia o primeiro e o segundo artigo sobre o assunto clicando aqui no marcador Redação do Enem. Acompanhe nossos artigos para ficar por dentro de tudo que acontece relacionado ao Enem e, principalmente, redação do Enem.




Quando recorremos ao testemunho de alguma autoridade para apoiarmos o ponto de vista, a opinião que estamos defendendo, estamos nos utilizando do argumento de autoridade.

Entretanto, para que esse tipo de argumento seja considerado logicamente válido, é necessário levar em conta certas condições:

•  a   autoridade   invocada,   além   de   "autoridade   no   assunto   em   questão",   deve   ser reconhecidamente digna de confiança;

•  não deve haver uma autoridade semelhante que afirme o contrário, quanto ao mesmo assunto;

•  deve haver adequação entre o tipo de autoridade invocada e o contexto de criação do argumento, a fim de não ocorrer transferência indevida de campo de competência: a autoridade no campo X opina sobre o campo Y. Lembre-se, por exemplo, dos textos publicitários, em que pessoas do meio artístico - rádio, cinema, televisão - têm sido solicitadas para provar a "qualidade" de inúmeros produtos de consumo...

•   não se deve esquecer que as autoridades também podem errar: a conclusão desse argumento, como a de todos os argumentos indutivos é mais ou menos provavelmente verdadeira.

Além disso, é necessário cautela para se lançar mão do argumento de autoridade: sua utilização demasiada pode nos ir levando a, em vez de pensar com a própria cabeça, apoiarmo-nos sempre nos outros e assim deixar sem sujeito, sem vida própria, o nosso texto.

Leitura de exemplos de argumento de autoridade

Trecho de entrevista:

P: A pessoa normal existe?
R: Procuramos evitar o critério de normalidade. Fico com a definição de Freud, de que se você é capaz de amar e de trabalhar, de se relacionar, você tem as bases da humanidade.

(Hanna Segal - entrevista publicada pela Revista Veja - 22/04/98)

Comentários

Neste fragmento de entrevista, a entrevistada por si mesmo constitui um argumento de autoridade, pois é uma psicanalista de renome, uma especialista mundialmente respeitada, em sua área de conhecimento. Mesmo assim, ela menciona Freud, o fundador da psicanálise, para justificar o ponto de vista que defende.

Saiba mais sobre a redação do Enem.

➡ Argumentação por Analogia na redação

Depois de apresentar o primeiro modelo de argumentação no artigo anterior, hoje vamos falar de outro recurso poderoso na redação do Enem e que pode fazer a diferença na sua nota final rumo à vaga na faculdade. O tema deste artigo, como você já sabe, é a Argumentação por Analogia

Argumentação por Analogia


O raciocínio a partir de comparação, de semelhanças, é um dos processos básicos da indução: por meio de algumas semelhanças observadas entre dois objetos, concluímos outras, prováveis. Ou seja: o que vale para X, provavelmente vale para Y, visto que eles são semelhantes em muitos aspectos.



Para formular corretamente o raciocínio analógico, é fundamental que as semelhanças entre os objetos sejam muito mais relevantes, muito mais importantes que as diferenças.

O grande problema desse tipo de indução é a analogia inadequada, como por exemplo a que não leva em conta as diferenças, as especificidades daquilo que foi comparado.

Leitura de um exemplo de argumentação por analogia Jô Soares é o bobo da corte tucana.

Há semelhanças entre o "Jô Soares Onze e Meia" e o governo Fernando Henrique Cardoso. Ambos estão cada vez mais grotescos, ambos recorrerem cada vez mais à bufonaria, mas não perdem o seu prestígio intelectual. No caso do governo, é evidente que entrou em clima de fim de feira, que vive a hora da xepa. El Rey troca um ministro da justiça patético por outro igualmente espantoso enquanto aguarda sentado pela aclamação das massas nas urnas. Sua audiência está, por assim dizer, garantida. Depende apenas da capacidade de EI Rey cozinhar os cinco meses que lhe restam em banho-maria até que venha a nova glória.
"Jô Soares Onze e Meia" é o programa ideal para esses tempos de tédio, de cinismo e de despotismo ilustrados. O apresentador é o bobo da corte tucana. Capaz de se comunicar em várias línguas, sempre por dentro de tudo, sempre atento ao que se passa no mundo , das artes, sempre criativo e bem-humorado, ele consegue entreter um público que se pretende cosmopolita, que se deslumbra com as "maravilhas" do mundo globalizado, mas que, ao mesmo tempo, faz questão de permanecer fiel às "coisas bem brasileiras".
Na fauna nativa, Jô Soares pertence à espécie Homo tucanos brasiliensis. Por trás de seu verniz de civilidade, é responsável por um programa simplesmente infame.
O fato de que seja um entrevistador em geral desinformado, claudicante e afoito talvez seja o menor de seus defeitos. Muito pior do que essas deficiências técnicas é a sua egolatria, são as suas maneiras pegajosas, a sua intimidade excessiva com a high society, a sua vocação de promiscuidade com os poderosos. Caetano Veloso, na sua boca, vira "Caê"; a primeira-dama é simplesmente "Ruth"; o ex-presidente José Sarney toma-se o "Zé".
Seu programa, além disso, vem se transformando quase que exclusivamente num bazar para amigos e numa revista de futilidades chiques. É o Ratinho das elites.(...)

(Fernando de Barros e Silva - Critica - TV Folha -19/04/98)

Comentários

Este trecho pertence a um exemplo contundente e corajoso de jornalismo opinativo; embora possamos discordar da analogia que faz entre o programa de Jô Soares e o govemo FHC, não há como negar sua clareza de estruturação, sua coerência ao induzir o leitor a reconhecer a validade as ideias que defende.

➡ Processos de raciocínio indutivo na redação

Dentro do processo de construção da redação no Enem, precisamos de ferramentas que ajudarão a aumentar a sua nota de forma poderosa sem cair nas fórmulas prontas dos cursinhos. Os mais frequentes processos do raciocínio indutivo - que passaremos a conhecer -são: a argumentação por enumeração/ estatística; a argumentação por analogia; o argumento de autoridade; o argumento contra o homem. Alguns deles virão em artigos posteriores. Hoje trataremos aqui apenas da argumentação por enumeração/estatística.

Argumentação por enumeração/estatística


Trata-se do tipo mais simples de raciocínio indutivo. De acordo com ele, o que se tem verificado com os elementos do conjunto observado deve, por comparação, por semelhança, verificar-se também com todos os elementos do conjunto. Ou seja, é uma generalização.



Quais são os perigos de concluir e pensar por estatística?

• a generalização ser feita a partir de amostra insuficiente de dados.
•  a tendenciosidade da estatística: a escolha do material pesquisado pode ser manipulada de acordo com um interesse prévio sobre a conclusão, o que torna os dados não representativos.

Por exemplo: se uma organização fizer uma pesquisa de opinião sobre as preferências de tipos de poupança e/ou aplicação presentes no mercado, tendo em vista verificar a possível aceitação de um novo produto do mesmo gênero, a ser lançado por ela, seria válido concluir a partir da consulta de apenas um tipo de cliente? A resposta é não, pois haveria insuficiência de dados para se chegar a conclusão

Exemplo de argumentação por a enumeração/estatística

Nossos filhos terão emprego?

A grande maioria das mães de adolescentes e pré-adolescentes se preocupa, com razão, com as perspectivas de emprego de seus filhos e filhas. As notícias sobre o fim do emprego, terceirização, globalização, níveis de desemprego são alarmantes para quem pretende iniciar uma carreira daqui a alguns poucos anos.

Quais são os fatos concretos?

1  - As 500 maiores empresas brasileiras não acrescentaram um único emprego novo nos últimos dez anos. Pelo contrário, retiraram do mercado 400.000 postos de trabalho, passando a empregar somente 1,6 milhão de funcionários, o que representa insignificantes 2,3% dos trabalhadores brasileiros.

2 - A globalização está dizimando não apenas empresas brasileiras, mas setores inteiros.

3-O crescimento das importações não gera apenas um problema de déficit comercial, mas cria empregos no exterior em detrimento do emprego interno.

Sem querer dar a impressão de um mar de rosas, existem algumas considerações que amenizam este quadro. Dificuldades os jovens terão, mas os argumentos abaixo serão úteis quando o pânico empregatício surgir novamente:

1-O crescimento das importações não durará para sempre no nível atual e nunca chegará a 94% do PIB, desempregando todo mundo, como uma simples extrapolação poderia sugerir. Provavelmente estabilizaremos em torno de 15% as importações, como na Índia e nos Estados Unidos. Oitenta e cinco por cento do PIB será feito por brasileiros para brasileiros.

2- O grande gerador de emprego no mundo inteiro não é a grande empresa, e sim a pequena e a média. Quem emprega 97,3% da força de trabalho hoje em dia são a pequena e a média empresa, bastante esquecidas ultimamente nas prioridades econômicas do governo.
(...)

(Stephen Kanitz - Ponto de Vista - Rev. Veja, 25/03/98)

Comentários

Note que o tema do fragmento é colocado por meio de interrogação, o que acentua o seu caráter de polêmica, de debate, isto é, a sua contextualização como um texto dissertativo: Nossos filhos terão emprego?

Na enumeração de fatos concretos, isto é, de argumentos particulares por meios dos quais o leitor vai sendo induzido a refletir sobre o problema discutido, tanto o argumento 1 - que defende a resposta não -; quanto os argumentos 1 e 2 - que por sua vez defendem a resposta sim - exemplificam o processo de argumentação por enumeração/estatística.

No final do texto, o autor chega a uma conclusão, na qual enfim aparece o seu ponto de vista, que mescla as duas direções em que a argumentação foi desenvolvida: Não querendo deixar a impressão de que tudo será fácil nem de que estamos no caminho certo, quem decifrar o seguinte enigma não terá de se preocupar: no futuro faltarão empregos, mas não faltará trabalho.