"" ➡ Redação do Enem 【Anis Zahirah】: ➡ Argumentação por Analogia na redação

➡ Argumentação por Analogia na redação

Depois de apresentar o primeiro modelo de argumentação no artigo anterior, hoje vamos falar de outro recurso poderoso na redação do Enem e que pode fazer a diferença na sua nota final rumo à vaga na faculdade. O tema deste artigo, como você já sabe, é a Argumentação por Analogia

Argumentação por Analogia


O raciocínio a partir de comparação, de semelhanças, é um dos processos básicos da indução: por meio de algumas semelhanças observadas entre dois objetos, concluímos outras, prováveis. Ou seja: o que vale para X, provavelmente vale para Y, visto que eles são semelhantes em muitos aspectos.



Para formular corretamente o raciocínio analógico, é fundamental que as semelhanças entre os objetos sejam muito mais relevantes, muito mais importantes que as diferenças.

O grande problema desse tipo de indução é a analogia inadequada, como por exemplo a que não leva em conta as diferenças, as especificidades daquilo que foi comparado.

Leitura de um exemplo de argumentação por analogia Jô Soares é o bobo da corte tucana.

Há semelhanças entre o "Jô Soares Onze e Meia" e o governo Fernando Henrique Cardoso. Ambos estão cada vez mais grotescos, ambos recorrerem cada vez mais à bufonaria, mas não perdem o seu prestígio intelectual. No caso do governo, é evidente que entrou em clima de fim de feira, que vive a hora da xepa. El Rey troca um ministro da justiça patético por outro igualmente espantoso enquanto aguarda sentado pela aclamação das massas nas urnas. Sua audiência está, por assim dizer, garantida. Depende apenas da capacidade de EI Rey cozinhar os cinco meses que lhe restam em banho-maria até que venha a nova glória.
"Jô Soares Onze e Meia" é o programa ideal para esses tempos de tédio, de cinismo e de despotismo ilustrados. O apresentador é o bobo da corte tucana. Capaz de se comunicar em várias línguas, sempre por dentro de tudo, sempre atento ao que se passa no mundo , das artes, sempre criativo e bem-humorado, ele consegue entreter um público que se pretende cosmopolita, que se deslumbra com as "maravilhas" do mundo globalizado, mas que, ao mesmo tempo, faz questão de permanecer fiel às "coisas bem brasileiras".
Na fauna nativa, Jô Soares pertence à espécie Homo tucanos brasiliensis. Por trás de seu verniz de civilidade, é responsável por um programa simplesmente infame.
O fato de que seja um entrevistador em geral desinformado, claudicante e afoito talvez seja o menor de seus defeitos. Muito pior do que essas deficiências técnicas é a sua egolatria, são as suas maneiras pegajosas, a sua intimidade excessiva com a high society, a sua vocação de promiscuidade com os poderosos. Caetano Veloso, na sua boca, vira "Caê"; a primeira-dama é simplesmente "Ruth"; o ex-presidente José Sarney toma-se o "Zé".
Seu programa, além disso, vem se transformando quase que exclusivamente num bazar para amigos e numa revista de futilidades chiques. É o Ratinho das elites.(...)

(Fernando de Barros e Silva - Critica - TV Folha -19/04/98)

Comentários

Este trecho pertence a um exemplo contundente e corajoso de jornalismo opinativo; embora possamos discordar da analogia que faz entre o programa de Jô Soares e o govemo FHC, não há como negar sua clareza de estruturação, sua coerência ao induzir o leitor a reconhecer a validade as ideias que defende.