É preciso examinar o contexto histórico onde ocorreram transformações tão radicais, a fim de perceber que elas não se desligam de outros acontecimentos igualmente marcantes: emergência da nova classe dos burgueses, desenvolvimento da economia capitalista, Revolução Comercial, Renascimento das artes, das letras e da filosofia. Tudo isso indica o surgimento de um novo homem, confiante na razão e no poder de transformar o mundo.
Os novos tempos são marcados pelo racionalismo, que se caracteriza pela valorização da razão enquanto instrumento de conhecimento que dispensa o critério da autoridade e o da revelação. Chamamos de secularização ou laicização do pensamento a preocupação em se desligar das justificativas feitas pela religião, que exigem adesão pela crença, para só aceitar as verdades resultantes da investigação da razão mediante demonstração. Daí a intensa preocupação com o método, ponto de partida para a reflexão de inúmeros pensadores do século XVII: Descartes, Spinoza, Francis Bacon, Galileu, entre outros.
Outra característica dos novos tempos é o saber ativo, em oposição ao saber contemplativo. Não só o saber visa a transformação da realidade, como também passa ele próprio a ser adquirido pela experiência, como veremos, devido à aliança entre a ciência e a técnica.
Uma explicação possível para justificar a mudança é que a classe comerciante, constituída pelos burgueses, se impôs pela valorização do trabalho, em oposição ao ócio da aristocracia. Além disso, os inventos e descobertas tornam-se necessários para o desenvolvimento do comércio e da indústria. Basta lembrar a importância da bússola, do aperfeiçoamento dos navios, da máquina a vapor etc.