Quando recorremos ao testemunho de alguma autoridade para apoiarmos o ponto de vista, a opinião que estamos defendendo, estamos nos utilizando do argumento de autoridade.
Entretanto, para que esse tipo de argumento seja considerado logicamente válido, é necessário levar em conta certas condições:
• a autoridade invocada, além de "autoridade no assunto em questão", deve ser reconhecidamente digna de confiança;
• não deve haver uma autoridade semelhante que afirme o contrário, quanto ao mesmo assunto;
• deve haver adequação entre o tipo de autoridade invocada e o contexto de criação do argumento, a fim de não ocorrer transferência indevida de campo de competência: a autoridade no campo X opina sobre o campo Y. Lembre-se, por exemplo, dos textos publicitários, em que pessoas do meio artístico - rádio, cinema, televisão - têm sido solicitadas para provar a "qualidade" de inúmeros produtos de consumo...
• não se deve esquecer que as autoridades também podem errar: a conclusão desse argumento, como a de todos os argumentos indutivos é mais ou menos provavelmente verdadeira.
Além disso, é necessário cautela para se lançar mão do argumento de autoridade: sua utilização demasiada pode nos ir levando a, em vez de pensar com a própria cabeça, apoiarmo-nos sempre nos outros e assim deixar sem sujeito, sem vida própria, o nosso texto.
Leitura de exemplos de argumento de autoridade
Trecho de entrevista:
P: A pessoa normal existe?
R: Procuramos evitar o critério de normalidade. Fico com a definição de Freud, de que se você é capaz de amar e de trabalhar, de se relacionar, você tem as bases da humanidade.
(Hanna Segal - entrevista publicada pela Revista Veja - 22/04/98)
Comentários
Neste fragmento de entrevista, a entrevistada por si mesmo constitui um argumento de autoridade, pois é uma psicanalista de renome, uma especialista mundialmente respeitada, em sua área de conhecimento. Mesmo assim, ela menciona Freud, o fundador da psicanálise, para justificar o ponto de vista que defende.
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